(foto da net)
Um dia queria casar-me. Queria. Já ninguém quer casar tipo nuvem de tule (vá.... não levem tudo à letra) com bouquet, na igreja, com maquilhagem borrada da noiva, da mãe da noiva (no meu caso de toda a família da noiva e amigas), da mãe do noivo, e com lágrimas envergonhadas (que o macho é uma espécie que não chora) do noivo. Já ninguém quer um casamento sem tema nenhum, com arranjos de mesa feitos com hortenses em tom malva e velas cintilantes. Quem quer um casamento ao som de " The way you look tonight", de "I've Got You Under My Skin" e "Save the last dance for me" e outras (todas) na voz do Michael Bubblé?
Estamos todos muito ocupados para o amor, diz que sim... que não temos tempo! Somos independentes, não queremos cá ninguém a chatear-nos a molécula, a meter-se nas nossas ricas vidinhas! Era o que faltava! Precisamos lá de alguém que nos chateie porque chegámos mais tarde, que nos queira levar à bola, que não entende o dinheiro que "investimos" em malas, que não percebe porque perdemos tempo a pintar as unhas dos pés ou que diga amo-te porque o sente. Porque haveríamos de precisar de alguém que esteja sinceramente disposto a dizer que sim, que vamos envelhecer juntos e ver o pôr do sol no alpendre, que vamos discutir porque o café está quente e porque o chá está frio? Não! Chegam-nos as relações casuais, com não sei muito bem quem, nem sei muito bem porquê.
A explicação? Os valores não são os mesmos, respeitar os sentimentos do outro é cada vez menos uma prioridade e, inevitavelmente, já fomos muitas vezes magoados. Já nos encantámos vezes de mais pelo princípe sem titulo nem cavalo branco, já subimos o último degrau até ao cimo do castelo quando depois uma rajada de complicações, mentiras e outras que tais nos atirou de lá abaixo. Talvez porque mesmo que não saibamos essa queda ainda dói, mesmo que não sintamos, mesmo que não nos lembremos dela com frequência, acabamos por nunca a esquecer. Assim, é mais fácil que não haja compromissos, que não haja ligação, que não haja sentir. É mais fácil que não haja.
Comigo esta história não funciona.
Eu sou muito antiga, se não sinto, se não é para sempre: não quero, não me chega (é por estas e outras que a minha vida sentimental é um assombro... de tédio), não me completa, não me aquece nem me arrefece. Até pode durar 6 meses, mas tenho que achar, tenho que sentir que é para sempre, tenho que me atirar de cabeça e esperar ser amparada, ser segura. Tenho que ser amada e receber em troca tudo o que dou. Se é fácil? Não!!! Claro que não! Não é fácil. Não é fácil porque é difícil encontrar alguém com "tempo" e coração puro, sem medo de dizer (e isto parece tão simples) a verdade. Não é fácil, porque a dor da queda está lá, não há analgésico que a adormeça de raíz, não é forte e excruciante como costumava ser, ás vezes nem me lembro dela, mas tenho-a presente, faz parte de mim. Quem "me levar" leva consigo a embalagem inteira, os medos, as inseguranças, os sonhos, os sorrisos, as lembranças felizes, os desejos por cumprir e leva a queda, ou tudo o que resta dela, daquela em especial. Só pode ser se for assim.
Quem ama e é amado possui o mais precioso e valioso de todos os tesouros. Quem ouve um amo-te sincero da pessoa que ama tem o mundo na palma da mão.
P.S. Ah! Não que seja realmente relevante, mas... Ia escrever este post só para dizer que não suporto fotos de noivos na estação de caminhos de ferro, lamento se ofendo susceptibilidades, mas aquela cena da noiva com a mala antiga e do noivo a ver as horas no relógio da estação ao pé do Alfa Pendular (mala antiga - alfa pendular; mala antiga - alfa pendular; mala antiga - alfa pendular... HUM????) dá-me náuseas.
Pronto, agora que disse isto amanhã vou conhecer o homem da minha vida e o senhor terá uma panca por comboios (que chato ;)) e pronto mais uma vez pago-as todas !!