Diário de viagem, Março de 2008
Dia 1
Saímos de C. pela manhã ansiosas por chegar ao nosso destino, mas para isso tínhamos um longo caminho a percorrer…
Depois da estação de C. a estação de Campanhã no Porto aguardava-nos, o metro levou-nos ao aeroporto, aqui a excitação aumentava de segundo para segundo, nem queríamos acreditar que uma simples conversa de cantina, e a empolgação de alguns membros nos tinham trazido ali, íamos mesmo para Paris, para a cidade luz, agora sabíamos era verdade!!
Ás 14h10minutos saímos do Porto, com um sol radiante! O voo da Easy Get correu bem, pelo menos para mim que não tinha nenhuma outra experiencia para comparar… Ás 17h20 minutos estávamos em CDG, em PARIS (finalmente), onde já estava a anoitecer e a choviscar. Saímos no terminal 2 B, e fomos procurar as nossas malas. Com as malas na mão, vimos mais uma etapa ultrapassada, o que seria de nós se nos perdessem as malas com toda a tralha de que precisávamos?
Chegadas ao Charles de Gaulle, tínhamos que encontrar o terminal 2C, onde se encontra a oficina do turismo, onde vendem o Pass Museum, que já tínhamos planeado comprar, comprámos para 4 dias (45€), pois dava-nos imensos benefícios, poupava-nos tempo (muito mais do que podíamos imaginar) e dinheiro.
Agora avizinhava-se mais uma etapa a superar, encontrar no aeroporto CDG o RER certo, para sairmos em Saint Michel -Notre Dame, mas felizmente as indicações no aeroporto estão muito explícitas e pudemos optar por comprar o nosso bilhete na máquina ou na bilheteira, que foi a nossa opção, depois lá entrámos no RER certo.
A viagem de RER até ao centro de Paris é demorada e cara (8,20€), e à hora de ponta torna-se complicada, com as malas. O que fomos avistando das janelas, os subúrbios de Paris, são tudo menos parecidos com as imagens da Paris turística, mas nada que nos abalasse o ânimo.
Chegadas a Saint Michel tínhamos de entrar no metro que nos levaria a Museé d´Orsay, sob a orientação da C., a grande mestre dos tranportes parisienses, e após pedirmos algumas orientações a habitantes locais (que ao contrário de todos os boatos e especulações se revelaram bastante simpáticos), porque já tínhamos os cérebros em água tudo correu bem.
Em Orsay só queríamos sair do “Métropolitan” e respirar pela primeira vez o ar de Paris, quando finalmente isso aconteceu, não me desiludi em nada, como dizia a R. entrámos num filme…
Os prédios seculares que pareciam perfeitos demais para alguém morar lá dentro, as Brasseries, Patisseries et Boulangeries, simplesmente fantásticas nem nos meus sonhos poderia imaginar que fosse tão … Perfeito.
Numa esplanada une madame parisienne, completamente alheia à chuva que caía bebericava um cálice de vinho, beliscava uns crackers e lia um livro, como se o mundo lá fora não existisse, como se fosse só ela e o seu livro. Estávamos em Paris!!
Chegadas a rue de L´Université, mais uma vez orientadas pela C. e pela R. que recordavam mais ou menos o caminho, estávamos naquela que por 7 dias iria ser a nossa casa. Tocámos então à campainha que indicava ser o do porteiro daquele enorme portão verde do antigo prédio. Como o prédio é antigo, como a maioria dos prédios do 7eme o elevador era apertado pelo que nos fomos revezando (e ás enormes malas) para chegarmos ao destino final do nosso dia.
Ao chegar ao 4º andar encontrei a K. completamente eufórica e fixada a olhar pela nossa janela, depois de uma breve olhadela á casa, que parecia muito limpa (lol) e muito acolhedora fui ter com ela e eu própria fiquei perplexa, da nossa janela de Paris víamos lá ao longe o Sacré Coeur iluminado, uma visão impossível de descrever e de esquecer, víamos a cúpula de um edifício que concluímos uns dias mais tarde ser a tão afamada ópera, víamos o Sena, víamos todos os prédios que pareciam monumentos, quisemos abrir a janela e respirar Paris.
Qual “ Janela Indiscreta” olhámos para o prédio em frente, não somos bisbilhoteiras, mas nós temos olhos e eles não tem persianas, o que podemos fazer? Os apartamentos eram simplesmente perfeitos com franceses de 50 cm, como diria a K., que corriam pelas casas decoradas da forma mais encantadora e charmosa, mas ao mesmo tempo acolhedora que alguma vez tínhamos visto, para resumir, mais perfeitas do que num filme ou numa revista de decoração. Desculpem-nos os nossos queridos vizinhos que nunca conhecemos, por este momento de cusquisse extrema, mas visitar uma nova cidade também é isso ver como vivem outras pessoas outras culturas, outras economias por assim dizer, e nada melhor para nos dar uma ideia do que a casa dessas pessoas se para isso for preciso recorrer à bisbilhotice, so it is.
O nosso jantar dessa noite foi amavelmente preparado e oferecido pela tia das manas, a quem agora me dou a liberdade de também chamar tia, uma pessoa excepcional, que nos preparou o jantar e nos ofereceu todos os bens essenciais sem lhe termos pedido nada. Após o delicioso jantar, que nos aconchegou um pouco o estômago e a alma revemos os planos para o dia seguinte que eram, direi, muito ambiciosos. Abrimos alguns dos livros que existiam no apartamento e que nos transportavam para as colecções do Musée D´Orsey e para Verssalhes, depois tomei um duche revigorante, li um pouco e já no fim deste dia emocionante, mas também cansativo em que andamos de carro, de comboio, de metro, de avião, de autocarro, comboio e metro outra vez, uff! apaguei a luz , dormi por fim na minha cama improvisada no chão e sonhei com Paris.